Diário de um Criminalista – 31/01/2018
Curitiba, 31 de janeiro de 2018
Hoje mais um janeiro termina. Como o tempo passa rápido, principalmente quando estamos focados e trabalhando em áreas que gostamos. O trabalho dignifica a pessoa e traz realização. Sem uma atividade o homem fica sem dignidade e sem objetivos na vida, por isso que as políticas públicas precisam ser direcionadas a educação e ao incentivo à geração de empregos.
Quando estamos trabalhando, com objetivos, não temos tempo ou também não queremos pensar em outra coisa. Nossa cabeça e tempo ficam ocupados. Não há espaço para cabeça ou termos idéias para ocupar nossa vida com outras atividades.
Em alguns lugares o tempo passa mais lentamente. Um deles é cadeia. Não obstante a análise dos crimes que levaram ao encarceramento, aposto que não melhor lugar para se ocupar a cabeça com idéias ilícitas que uma cadeia ou penitenciária.
Os presos passam o dia em companhia de outros presos negociando e tendo idéias, seja na parte do crime, quando negociam outras atividades, ou, quando trabalham incessantemente em idéias para a defesa. Melhor se fosse apenas esta última hipótese.
Quem já defendeu alguém que se encontrava encarcerado sabe o quanto o advogado criminalista debe fazer empatia com o cliente e ouvir as idéias e ponderar. Também deve explicar quais são as possibilidade e não criar a esperança de situações que dificilmente acontecerão. O advogado criminalista precisa ser um psicólogo por muitas vezes, pois expor a realidade não é uma situação simples.
No entanto, o que quero ponderar é a necessidade de se incentivar cada vez mais o trabalho, o estudo, a atividade profissionalizante dos condenados, pois assim se poderá construir uma esperança para a sociedade ao ressocializar estes condenados. Quanto mais atividades e ensinamentos forem dados, maior a possibilidade de se diminuir a reincidência criminosa.
Ademais, o incentivo ao trabalho de egressos do sistema penitenciário também propiciará uma diminuição do retorno ao cárcere.
Poucos compreendem esta realidade. A sociedade prefere não enxergar e até esquecer que existem estes seres humanos que foram julgados e cumprem sua pena. Também preferem não entender que eles tem família e um dia retornarão a sociedade, portanto é um dever de todos, como um povo solidário amparar também estes cidadãos com uma possibilidade de ressocialização.
Fica esta reflexão para o último dia do ano.
Marcelo Campelo
OAB 31366
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